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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

FERNANDO CATELAN

 

 

 

Fernando Catelan o Catelan das Letras do meio artístico-literário, viveu seus bem vividos 40 anos de existência em Mogi das Cruzes, de onde é natural. Um dos poucos poetas contemporâneos remanescente das escolas arcadista, romântica, simbolista e parnasiana, Catelan das Letras versa com maestria pelo lirismo.
Um artista completo nas letras, o autor explora a versatibilidade de seu ecletismo (reúne aptidões nas três áreas do conhecimento humano, inclusive o título académico de Engenheiro Mecânico) para conferir maior substância às suas criações.
Detém importantes premiações literárias de Nordeste ao Sul, e também em países como Uruguai e Itália. É compositor.

 

 

 

LETRAS DE BABEL 3 .  Antología multilíngüe.  Montevideo: aBrace editora, 2007.   200 p.       ISBN 978-9974-8014-6-2
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Amor em dó maior

 

Se esperado, ah muito não tardes,
que peito puseste em desesperança,
e se 'inda mesmo crepitante ardes,
urge te lançares à alma tua criança!

 

Que fizeste solo de virgem agreste
verdejante sombra, abrigo de errante
que d'alma como lhe extirpaste peste,
mas de ti saudosa, ora vive delirante!

 

Se vindo, não enceta viagem alguma,
uma 'inda a morrer se fores por peleja,
se de novo te engalfinhas! Não ruma,
teu passo não ruma a guerra que seja!

 

Pois que és chegado! Te aquieta! Vê!
viscejaste no solo de virgem agreste!
Agora deixa-nos sim algo à tua mercê;
após longa saudade, afinal, ó, vieste!

 

Dizes, mesmo, iminente a tua partida?
Mais agreste espera a tua semeadura?
Se partes, insuspeito à nossa acolhida,
vai, então, varão dessa triste lida dura!

 

Se ido, quando em quando a paisagem,
qual miragem, sumiço, atrás vislumbra,
que, vate, contigo estaremos na aragem,
nova aragem a trazer-te, que alumbra!

 

Se ido, desaparecido de nossas vistas,
criar-te-emos os filhos; suaviza o pior,
o pior abranda se te repletam conquistas,
agreste a musicares, amor em dó maior!

 

 

 

 

       Retirante

 

Apeguei-me à terra, aguerrida,
guarida dei à terra de meus pais!
Ah, que saga, odisséia sofrida,
por onde passava, os tantos ais!

 

Cansei do desvelo no arar o solo,
guerra tal esturricou-me as mãos
Na pele mais vingado o seu dolo,
impotente eu à fome dos irmãos!

 

Foram anos de engalfinhada luta,
Paulo e José ao encontro de Deus!
Se dizem que o agreste não enluta,
como levou os dois maridos meus?


Chegou um dia homem e semente,
fim - dizia - dessa fome da gente
Qual o quê! O cabra, que só mente,
em mim fez outro filho indigente!

 

Até fui socar aquele chão proscrito,
chão bonito só em terras do «Coroné»
Havia tanto, tanto a meus filhos dito:
Daqui nóis se escafede nem que à pé!

 

Painho deixei com dor no coração,
algo que hoje sei chamar-se adeus
Painho ficou cuidando da plantação,
olhos no céu a ansiar chuva de Deus!

 

Mainha estava que era só tristeza,
coração a saltar no vestido de algodão,
mas tomamos nós o rumo da incerteza,
cria feito nós alhures atrás de perdão!

 

Loguinho daríamos com alma de ferro;
aqui, afinal, onde proclamada abolição?
Nas muralhas de pedra, uma a mais, erro;
outros também - formigas em ebulição!

 

Às vezes, sinto saudades de minha terra,
'inda ora mesmo tanta não a dor adiante
0 povo da cidade grande Deus desterra,
e vai morar Ele donde vem o retirante!

 

 

 

 

 

Sangria

 

Sangria se faz no peito condoído,
por tantos amores idos na estrada!
Verte sangue de meu peito sofrido,
quando cintilam amores na calada

 

Também amei! Sangrei, é verdade,
mas, ó, Deus, aceitai-me a rogativa,
levai-me, levai-me, só por piedade,
'inda eu a me apagar em tenra idade!

 

Serei, então, no céu, no firmamento,
o mero cisco de mui ínfima grandeza
se atinam, pois, com meu finamento,
dai-me, Deus, que disfarçar a vileza!

 

Pois que terei sido, Pai, uma tal trave,
que aguilhoei olhos de meus amores
Deus, quanto ressinto-me do grave:
incautos corações povoei de dores!

Sempre o peito a roer essa andança,
essa dança, Deus, de idas emoções
quisera fosse eu outra vez criança,
com luzes a fazer minhas ilações!

 

Agora, erro envergado ao suplício,
qual se n'alma sangrasse tanta dor
Mas ferir, Pai Eterno, foi meu vício,
e só a cruz de meu espírito andador!

 

Crucifiquem-me os homens, Senhor,
que isto consintai é minha rogativa,
e um centil não me dêem por penhor;
a rebenta que tanto amo tão só viva!

 

Sangram cá tantas amargas lembranças,
que, se duras, lhes emprestei a dureza.
Segue-me a sombra de minhas pujanças,
sangra-me a boca pródiga em rudeza!

 

Então, Pai, guia-me ao sangradouro,
e lá mais que sangue tirem de mim;
ponham-me a alma num sumidouro,
a alma sangrem-me a erróneo confim!

 

E não mais carregando peso de gente,
prometo-Vos, Pai, sequer exasperação,
que dolo semeei, à aflição indiferente,
que de mim sangrado é minha volição!

 

Se da esperança de olhos fui mortalha,
bálsamo encontrem, Pai, os olhos dela,
que não vejo corrigenda para tal falha, q
ue sangria de minh'alma meu mal anela!

 

Sangra alma, à piedade desse carrasco,
em cujos braços te meteste na sandice!
Tenhas, alma minha, de ti mesma asco,
que há muito julgo-te prodígio de tolice!

 

Então, o antes d'eu próprio serei - nada,
e nada, nada deverá àqueles olhos tristes,
pois que nada, ah, só vive em debandada, }
afugentando-lhe lufar do vento aos chistes.

 

Então, ela, eu agora no seu esquecimento,
feliz irradiará ao passar toda sua glória
Terão os olhos dela por eterno linimento,
dois a lhes dar a felicidade peremptória!

Que serei eu, de resto, para outras tantas,

se provê Deus a sangria de minh'alma?

Olha, olha como hoje já feliz tu cantas!

dirão mães a quem tormenta tirou calma!

 

Apressai, Senhor, essa tua sentença,

que mais sangro à espera da justiça!

A mim dai os infernos por querença,

nascedouro dos de bondade postiça!

 

E, então, Senhor, nem de mim miragem,

à guisa de lembrança lá terei por porto

Sangra-te, sangra-te, ó minha imagem,

que no nada tanto anseio viver absorto!

 

Que sangria, qual o quê? Ledo engano!

Começou o sangrar-me sujo o calabouço,

sujo calabouço; eis o peito dum profano:

Me sangro todos os dias, ah, se me ouço!



PÉRGULA LITERÁRIA VI.  6º. Concurso Nacional de Poesias “Poeta Nuno Álvaro Pereira.”     Valença: Editora Valença, 2004.  202 p. 
Ex. biblioteca de Antonio Miranda

 

PARA SEMPRE

Nunca imaginei, ó supremo Cristo,
em meu peito viesse tal amor a existir,
Dor semeando eu, desavisado lavrador,
em Ti, Pai, ultimato de partir!

Onipotente, para nós inda inexplicável,
com paciência asilaste transviada vida,
vida minha Senhor, em teu seio afável;
ainda blasfemo, reconheci-te a guarita!

Ah, em todo momento, Deus, me indago
porque razão, a mim, dispensário de dolo,
a mim, sempre errante, delirante e vago,
feito Jesus a Pedro, emprestaste teu colo.

Conheces veredas, Senhor do Universo,
pautadas, pois, pela justiça e pia piedade!
Tens misericórdia do desdenhoso perversos,
ou, rude eu, cingi-me não a cristandade.

Anos-luz de mim estás, Feitor da Criação,
mas posso hoje comensurar-te que tristeza,
que tristeza, Jesus no transe da crucificação,
em riste colhia-te, indo o arauto da realeza!

Ó Glorioso, Glorioso, sendo tu onipotente,
no Gólgota um só relampejar teria findado
aquele festim da raça impudica e prepotente,
engalfinhada em ter da Terra ínfimo bocado!

Alento à Terra, não obstante, ó Onipresente,
salvaguardaria o Cristo pele eternidade afora
Ainda que Mal contra teus desígnios intente,
sempre em hirto coração teu evangelho aflora!

*

VEJA E LEIA outros poemas MÍSTICOS e RELIGIOSOS em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesiamundialportugues/poesiamundialportugues.html

Página publicada  em janeiro de 2024.

 

 

Página publicada em agosto de 2020

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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